segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Difíceis lembranças - traumas

Todas as abordagens terapêuticas têm como base o conceito de que o acontecimento traumático deve ser lembrado, descrito e intensamente imaginado diversas vezes. Com isso, ele perde o potencial destrutivo. Psicólogos e psiquiatras, portanto, apostam no efeito da habitualidade - quanto mais uma pessoa relata se trauma durante a terapia, mais "normal" ele lhe parece. Como consequência, a alteração física que desencadeia a lembrança do trauma diminui, e a indefensibilidade é superada.
No entando, deve-se atentar para algumas regras durante a confrontação com o trauma na terapia comportamental. Enquanto a pessoa afetada rememora suas lembranças, ela deve manter os olhos fechados ou fixos em um ponto do ambiente. A narração no presente gera grande tensão emocional - e o efeito é quase sempre mais forte. A descrição detalhada do trauma inclui, de preferência, todos os sentidos - o afetado deve contar o que viu, ouviu, sentiu, e os odores e sabores experimentados.
Quase sempre, o reviver intenso do trauma desperta sentimentos de desamparo e medo, e é comum ser necessário mais de meia hora até esse temor diminuir. A narração do fato vivido deve ser gravada; a tarefa do paciente é sempre voltar a ouvir a própria narrativa - de preferência diariamente. Essa atividade reforça que o fato vivido está no passado, e o medo e a tensão se reduzem a cada vez que a pessoa escuta a gravação.
Entretanto, a aproximação ao evento traumático nem sempre é fácil. Vários paciente têm muito medo de contar suas experiências e procuram evitar as lembranças e as intensas reações a elas. Despertar do trauma é como caminhar em uma corda bamba. Mas todos os estudos concordam em que, para por fim ao terror, é preciso se submeter a ele.

Fonte: Revista Doenças do cérebro - Estresse e ansiedade

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